quarta-feira, 12 de abril de 2017

WISTERIA

Não me perguntem como é que se passaram estes quatro meses sem vir por aqui escrever qualquer coisinha...
Acho que estive a hibernar este tempo todo, cumprindo as rotinas em piloto automático, numa letargia mental, a que todos temos direito, mas que não é muito normal em mim.

Está um tempo quentíssimo, inusitado para esta época, estou na minha quinta em férias e, como não se pode andar ao sol antes das seis da tarde, resolvi fazer alguma coisa útil, ao ar livre mas à sombra.
Instalei-me debaixo das minhas" Wisterias", a lixar e aplicar protector de madeira nas minhas mobílias exteriores, que depois do Inverno estavam a pedir ajuda.
Estou em paz, no leitor de CDs canta o Cat Stevens, Emerson Lake and Palmer, Shadows, Otis Redding e, talvez atraídos pela melodia, as árvores à volta encheram-se de passarinhos que rivalizam com eles em trinados desenfreados.


Talvez por isso ou pelas músicas da juventude, veio-me à memória uma carta do Samuel, que recebi há 43 anos atrás, em que me contava que, deitado ao sol no jardim do tio, no Brasil, ouvia Kim Crimson e que tudo à volta dele cantava. Cantava Kim Crimson , cantavam os passarinhos, cantava a natureza e cantava ele. Partiste muito cedo e nunca tive oportunidade de te agradecer a capacidade de sonhar que trouxeste á minha adolescência.

Não devo estar tão bem como tu estavas nessa altura, mas estou muito bem, num desses momentos "zen", em comunhão com tudo o que me rodeia!