Quando parti para a Rússia ia um pouco apreensiva. As notícias dos incêndios à volta de Moscovo e as imagens das pessoas com máscaras aconselhadas a ficar em casa, faziam-me temer que a viagem iria ser reduzida a metade e ficaria com as férias estragadas.
Tive sorte, muita sorte.Como viajei directa a S. Petersburgo, perto do mar Báltico, o tempo era bem agradável. Nas vésperas de viajar para Moscovo choveu durante a noite e durante o dia foi limpando. Assim, no dia seguinte, depois de 4 horas de viagem de comboio, através de uma paisagem bonita mas monótona de planícies e florestas, cheguei a Moscovo, quente mas sem fumo e com visibilidade.
Os corredores de hotel ainda cheiravam a fumo, entranhado nas alcatifas, imagino o que não deve ter sido.
Como não podia deixar de ser visitei o Hermitage e o Museu do Kremlin.
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Hermitage
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Se no primeiro pude ver uma exposição temporária de Picasso, para além das obras constantemente expostas e que são belíssimas, foi realmente o segundo que mais me impressionou. Era proibido fotografar, em quase todos o sítios pagava-se uma taxa extra e podiam-se tirar fotos, mas aqui não.
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Obras de arte no Hermitage
Dizia o guia que ali só estavam expostos 5% dos tesouros dos czares. Verdade ou não o que ali está é absolutamente espantoso em beleza, arte e riqueza.Evangelhos encadernados a ouro com dois mil diamantes e rubis, baixela de ouro e pedras preciosas, coroas de todos os feitios carregadas de pérolas ou diamantes, esmeraldas ou rubis. Até os cavalos bebiam por bacias de prata e os arreios eram de ouro, prata e pedras preciosas, muitas oferecidas de todas as partes do mundo. Indescritível! Compreendemos melhor que o povo gelado e faminto tinha mesmo que se revoltar perante o escândalo de tanta riqueza.
Ainda hoje choca ver o contraste entre este luxo e as casas de madeira velhas e degradadas, no campos, nos arredores de Moscovo
E os palácios? Para além de serem aos montões, eram liiiindos! Dois ou três de Inverno, dois ou três de Verão, mais uns tantos construídos de presente para os amantes, imaginam...?!
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Palácio de Verão, arredores de S. Petersburgo, ao fundo o mar
Por todo o lado e a propósito de tudo dois nomes surgem: Pedro o Grande e Catarina a Grande ( só esta em amantes e palácios, bom ...), seguem-se mais dois muito ouvidos, Ivan o Terrível e Isabel. Dos Romanov só os mausuléus e a breve história da sua morte, dos outros czares nem falar.
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Mausuléu dos Romanov, Capela de S.Pedro e S.Paulo,S. Petersburgo