Ele veio dos países nórdicos, bem ao Norte...
Num dia bem frio de Inverno, foi desenraizado da sua terra, dos seus amigos e, no meio da neve, viajou para um país longínquo, bem mais quente, a Sul, com a promessa de vir alegrar as festas de alguma família.
Tão novinho que era!
Assim foi, cumpriu-se o destino e, durante um mês inteirinho, foi o centro das atenções. Vestiram-no de luzes e cores e a seus pés colocados os presentes mais variados.
As festas passaram e, contrariamente ao que esperava, depois do esplendor, não teve a morte anunciada que temia. Levaram-no de carro, mais uma vez de viagem, mas esta muito mais curta, até uma quinta. E deram-lhe um novo lar, num relvado de um socalco com vistas para um vale, com uma montanha ao fundo e o mar lá longe...
Ela chegou dois anos mais tarde.
Delicada e frágil na sua tenra idade, uma promessa de beldade futura, vinda também de longe, lá longe, da China...
Foi colocada a uma certa distância dele, ali ao lado, os dois crianças, de países e culturas bem diferentes.
Mas foram crescendo lado a lado, dias e anos em que aprenderam a conhecerem-se, a estimarem-se e se tornaram jovens.
E o amor nasceu.
A pouco e pouco ele estendeu os seus braços fortes para ela e começou a envolvê-la, protector. Ela tímida e rosada, encostou-se a ele... e assim nasceu o romance.
Pode passar desapercebido aos olhos mais distraídos mas, se olharmos com os olhos da alma, vemos bem que são felizes.
Nas noites de Primavera, se passarmos bem perto, ele com o viço dos seus rebentos verdes e ela florida no seu delicado quimono de flores liláses, podemos ouvir os sussurros de promessas de amor e um ligeiro perfume de pinheiro nórdico e magnólia no ar!
São as histórias de cada uma das minhas árvores, de cada pedra da nossa quinta que, entrançadas na nossa própria história, nos fazem criar laços com um lugar, nos enraízam e o fazem nosso.