Para ler com a 1ª música da barra lateral.
Sentada no meu alpendre, aproveitando uns raios de sol tardios, ouço os passarinhos, faço o meu tricot e medito.
Sentada no meu alpendre, aproveitando uns raios de sol tardios, ouço os passarinhos, faço o meu tricot e medito.
Estes campos à minha volta, sentir o passar vagaroso do tempo, sem ansiedades do que há que fazer a seguir, são a minha paz e felicidades, o meu ponto de fuga.
A quem é que esta quinta interessa? Tirando o meu marido que comunga comigo deste estado de espírito, a ninguém.
Foi o sonho que construimos juntos e onde nos sentimos bem. A nossa " Tara".
Um dia em que já cá não estejamos, o sonho desvanece-se connosco.
E é normal que assim seja.
Cada coisa tem o seu tempo e o seu encanto.
Podemo-nos considerar abençoados, dar graças a Deus, por sermos dos poucos que conseguiram concretizar os sonhos, desfrutar deles e ser felizes.
Lembro-me de Quintanilha e da felicidade que os meus pais, na última dácada de vida, sentiam quando iam passar lá os três meses de Verão. Os dois. Sós.
Os dias ronceiros de calor, as sestas, os passeios, as conversas ao fim da tarde, ao fresco.Era o ponto de fuga deles.
E quando os iamos visitar, tenho a certeza de que se sentiam felizes, que completávamos o seu bem estar mas que não ficariam demasiado tristes quando partiamos, porque recuperavam o seu sossego.
Já se tinha passado o mesmo com os meus avós. Os anos buliçosos do Porto, com o trabalho e afazeres da cidade eram equilibrados pelas férias que todos passavamos na aldeia.
Era eu criança, depois jovem, e os anos passavam com a regularidade sistemática da vida na cidade, com as férias que traziam um mês de praia e dois de campo.
Assola-me de repente a nostalgia deste passado que nunca mais viverei e as memórias desses tempos felizes...
Mas voltando aos meus avós, também eles se refugiaram em Quintanilha, já idosos, e construiram ali a sua felicidade e o seu sossego.
Quando nos reuniamos todos era uma festa. As merendas, as idas para o rio, as noites passadas na conversa...
Ficávamos com pena ao partrir, de os deixar ali, na varanda, a dizer adeus, sózinhos. Mas, agora, olhando para trás, tenho a certeza que a tristeza era muito breve, e mais nossa, pois eles recuperavam a sua felicidade.
Devo estar a ficar velha para ter este tipo de pensamentos e vir agora com estas meditações.
Só espero que os meus filhos tenham a capacidade e possibilidade de concretizarem os seus sonhos e, seja onde for, encontrarem a sua " Tara " e serem felizes!
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