quarta-feira, 15 de julho de 2015

REX

O Rex morreu.


Era um sobrevivente. 
Abandonaram-no na estrada, no lado de cima da minha quinta, ainda cachorro, preso num saco de serapilheira, para morrer.
Tinha uma displasia coxofemural da anca, o que lhe provocava dificuldade da marcha, a sentar-se e a levantar-se, talvez de um pontapé que tenha levado ou problema hereditário típico das raças grandes, só assim se explica que tenham abandonado um cão tão bonito, só porque ia ficar aleijado.
Mas ele era resistente e inteligente, roeu o saco, libertou-se e foi ter com o meu marido que andava pela quinta.
Foi amor à primeira vista, de um pelo outro. 
Escolheu-nos para companhia e fez da quinta o seu lar. 
Nunca o prendemos. 
Nunca saiu da quinta.
Defendia-a de tudo e de todos. Era o seu domínio e não tolerava outros animais intrusos, para além dos que já lá viviam ou dos que lá foram nascendo.
Era um excelente cão de guarda e um bom companheiro, sempre colado ao meu lado ou do meu marido, quando nos deslocávamos, ou deitado aos nossos pés, possessivo e vigilante.
Absolutamente fiel.
Era meigo, sempre a meter-se a jeito das nossas mãos para mais uma carícia.
O problema da anca foi melhorando mas por causa dele nunca conseguiu acasalar com nenhuma das cadelas da quinta.
Estava já muito velhinho, nada que se pareça com esta foto.
Adivinhava-se o fim.
Viveu muito mais tempo do que o previsto para esta raça.
Mas o coração, por muito que se prepare, fica sempre triste quando a morte acontece.

Nunca mais te vou poder chamar "quatro olhinhos"!



2 comentários:

Isabel disse...

É semprem difícil. Mas depois de um início de vida complicado teve a sorte de ir ter com vocês que lhe proporcionaram uma vida longa e feliz. Bjs

Cláudia Marques disse...

Que linda homenagem. Ainda bem que foi feliz e vos fez feliz.