Tomei contacto, pela primeira vez, com esta salada, em Salónica, há já uns anos.
A cidade é linda, com imensas ruas comerciais que me fizeram lembrar o Porto de antigamente, antes de abrir tanta loja dos trezentos e haver um grande bazar da china porta sim, porta sim. Grandes esplanadas em tudo o que é canto e esquina, não com mesas e cadeiras altas como as nossas, mas sim sofás individuais ou de três lugares e mesas baixas. Adorei o café gelado que serviam em copos altos e o requinte com que serviam até um copo de água.
Mas eu ia mesmo era falar da salada.
Com a minha mania de passear pelos mercados, porque acho que os povos se conhecem através de mercados e feiras, andei pelo mercado de Salónica e ia de pasmo em pasmo, porque marimbando-se para as leis da C.E.E., continuavam a vender tudo, mas tudo, a granel. O arroz. o grão de bico, o café, os chás, tudo em sacos enormes, a que iam dobrando as bordas conforme iam vendendo a mercadoria. Isto numa altura em que aqui, no nosso país saía a linda norma de que o azeite e o vinagre para temperar um simples cozido, nos restaurantes tinha que ser em pacotinhos, individuais. Experimentaram por essa época, a dita lei? Eu fui das privilegiadas que tive que me besuntar toda, tentando acertar no desgraçado do bacalhau, no prato, e evitar esguichar o vizinho do lado, à custa de umas mãos todas untadas, o resto do almoço!
Pois o mercado de Salónica encantou-me e como o adiantado da hora já pedia almoço, foi em pleno mercado que almocei. Num simpático e modesto restaurante, lindamente decorado com cartazes de cinema , anunciando filmes bem antigos e memoráveis, capas de discos também não menos famosos, serviram-me um peixe fresquíssimo e a famosa salada grega.
Desde esse dia faço-a várias vezes. Agora que a minha horta começou a dar tomates e pepinos, chegou a altura de a comer mais vezes.
SALADA GREGA
Corto tomates aos gomos grossos, pepinos jovens aos pedaços, queijo feta aos cubos, bastantes azeitonas, tempero com muito azeite, sal, pimenta e manjericão. Como o meu manjericão ainda está muito pequeno deitei mesmo orégãos secos e também ficou boa.
Já agora, uma das coisas mais engraçadas com táxis aconteceu-me na Grécia. O meu hotel ficava fora do centro, um dia em que começou a chover e eu fui apanhada desprevenida, chamei um táxi, entrei e, acreditem ou não, só lá dentro e já em andamento é que vi um outro passageiro,um homem jovem. Fiquei meia constrangida e a pensar como é que eu me tinha ido meter naquela, lá disse ao taxista o nome do hotel e seguimos. O meu cérebro fervilhava e, óh mente perversa, já imaginava uns quantos filmes, e magicava como havia de sair dali. O outro passageiro,também estrangeiro, acreditem, não estava mais à vontade do que eu. Qual não é o meu espanto, mais à frente o táxi pára e mete mais uma senhora que se sentou à frente, cumprimentou-nos e lá foi conversando com o motorista. Moral da história, os gregos são muito democráticos com os seus transportes, se há espaço, cabe sempre mais um. Parecia um mini autocarro. E lá nos foi largando este neste hotel, a outra mais uns quarteirões adiante e a mim, no final da linha! Mas atenção, honestidade acima de tudo, cada um de nós só pagou a sua parte da corrida!